#Design

A vila de Ponte de Lima celebra este ano os 900 anos do foral de D. Teresa da fundação desta vila.
Gosto do logótipo que criaram e afixaram na parede da torre para o efeito. Não é totalmente original mas está muito bem feito. Reconheço facilmente a ponte que deu o nome à vila. Tanto usaram os arcos da ponte para fazer os zeros do número como usaram as ameias da ponte para compor as letras do nome da terra. A ponte tem mais de trezentos metros mas possui ameias nos últimos dez metros da ponta. Não vejo mais nenhuma ponte com este feitio. O logótipo só podia ser criado apenas para esta celebração. E até atrevo-me a ir ao pormenor: acho que o designer procurou incluir os diferentes formatos dos arcos da ponte. Os “zeros” ganharam os arcos ogivais do troço medieval da ponte enquanto o “nove” possui o arco redondo do troço romano que está, actualmente, assente na terra da margem. É como se o pé do “nove” fosse a margem do rio. Tudo conjuga-se de forma natural e harmoniosa.
É uma vila linda e teimosa que recusa tornar-se em cidade. Tem orgulho de ser a vila mais antiga de Portugal.
(embora, recentemente, vi um episódio do excelente programa "Caminhos da História", do historiador Joel Cleto, em que ele contou que a vila mais antiga é a de São João da Pesqueira1).
A celebração vai decorrer de várias formas. Uma delas, que reparei no próprio local, sem continuar a encontrar nenhuma notícia em lado nenhum, foi o arranjo na estátua de D. Teresa que está na rotunda perto da Câmara Municipal (Praça da Rainha2). A coroa que ela ostenta na cabeça e a cruz que carrega ao peito estão dourados. Com uma pesquisa rápida no Google Images, posso constatar que antes tinham a mesma cor do todo o resto da estátua, assim meio para o verde-silva. Agora, o que não sei, é se já antes tinham a cor dourada e entretanto tinham ganhado a mesma pátina que a estátua, ou se mudaram de facto o material dessas peças.
Outra maneira de celebrar vai ser através de um livro que homenageia a atribuição do Foral da Condessa D. Teresa. Deixo que seja um próprio limiano a apresentar o livro, o André Lima Araújo, autor de banda desenhada, que no seu substack tem mostrado ao longo do ano novidades sobre o romance da sua mãe, a autora Adélia da Silva Lima Araújo.
Vale a pena visitar uma das terras mais lindas do Minho. Também é a terra com a melhor gastronomia do Minho.
(embora, se eu estivesse a falar de Apúlia, também diria que Apúlia é a terra com melhor gastronomia do Minho. Todo o Minho é bom para comer, ok? :) ).
Outro motivo para visitar esta terra são os dois Jardins do outro lado do rio. Está a decorrer até ao fim de Outubro o concurso anual do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, no Jardim dos Labirintos. E o jardim ao lado, o Parque Temático do Arnado, é lindo; estar nesse recinto é encher de satisfação o coração e a alma.
Alguns historiadores apontam para terras que ainda hoje são vilas e ainda são mais antigas. O argumento da vila de Ponte de Lima é que o seu foral foi o primeiro criado por governantes portugueses. Poder-se-ia dizer que a Condessa D. Teresa não era portuguesa mas leonesa, na altura do foral. Faleceu antes da fundação do Reino de Portugal.
Não sei se a Praça da Rainha se deve à Condessa D. Teresa mas far-se-ia justiça se assim fosse. Alguns historiadores apontam que ela foi a primeira rainha de Portugal e tivesse fundado o reino. Existem documentos assinados como Ego regina Taresia de Portugal regis Ildefonssis filia (”Eu, a rainha Teresa de Portugal, filha do rei Afonso”).



Adoro estas tuas análises ao design! Quero mais! (Ainda por cima fico sempre a saber outras coisas)